Um marco para a liderança feminina e para a afirmação universal da dignidade humana
Belo Horizonte, 14 de outubro de 2025
É oportuno manifestar meu profundo reconhecimento à decisão do Comitê Nobel ao conceder o Prêmio Nobel da Paz 2025 à venezuelana María Corina Machado. Trata-se de um gesto de alcance global, que transcende fronteiras geográficas, orientações ideológicas e circunstâncias políticas, reafirmando valores universais como a liberdade, a democracia e o respeito incondicional aos direitos humanos.
A premiação ilumina, de maneira contundente, a relevância da liderança feminina em contextos marcados por autoritarismos persistentes e estruturas sociais que ainda limitam a plena participação das mulheres na esfera pública. Ao reconhecer a trajetória de uma mulher que, mesmo diante de censura, perseguições e intimidações sistemáticas, manteve seu compromisso inabalável com os princípios democráticos, o Comitê não apenas homenageia uma biografia singular: lança um alerta global sobre os riscos da erosão das liberdades civis e sobre a urgência de se proteger a coragem cívica — independentemente de gênero, origem ou nacionalidade.
Essa homenagem ressoa com especial intensidade em nosso continente. Na América Latina, onde desigualdades estruturais e fragilidades institucionais ainda comprometem o pleno exercício da cidadania, a resistência pacífica de María Corina Machado simboliza a luta cotidiana de milhares de mulheres que, em meio a crises humanitárias, econômicas e políticas, seguem atuando como agentes de transformação.
Enquanto instituição de ensino superior, o IESLA compreende que essa conquista interpela diretamente o papel das universidades na promoção de uma cultura democrática, inclusiva e humanista. O reconhecimento de uma mulher por sua defesa intransigente das liberdades fundamentais reforça a responsabilidade das instituições acadêmicas na formação ética de lideranças, na valorização da liberdade de pensamento e na defesa ativa da dignidade humana.
Neste sentido, reafirmamos nosso compromisso com ações concretas que expressem, no cotidiano da vida universitária, os valores celebrados por este Nobel:
- Fomento à liderança feminina: expansão de programas de bolsas, mentorias e apoio institucional a pesquisadoras e estudantes mulheres nos níveis de Mestrado e Doutorado, com especial atenção às áreas de governança, políticas públicas, direitos humanos e comunicação democrática.
- Criação de uma Cátedra de Democracia e Direitos Humanos: estruturação de um observatório acadêmico voltado à produção científica aplicada, monitoramento de indicadores sociais, realização de eventos de projeção internacional e articulação de redes de pesquisa e cooperação interinstitucional.
- Projetos de extensão com impacto social: incentivo a iniciativas que integrem escolas, organizações da sociedade civil e poder público, com vistas à promoção da valorização da presença e a atuação qualificada de mulheres em espaços decisórios.
A trajetória de María Corina Machado nos inspira a reconhecer e valorizar o protagonismo de todas as mulheres — latino-americanas e de outras partes do mundo — que, mesmo em contextos adversos, perseveram em seus estudos, pesquisas, projetos e lideranças. Seu exemplo alimenta a esperança de que é possível construir sociedades mais justas, plurais e comprometidas com o bem comum.
Assim, ao celebrarmos esta conquista histórica, reiteramos a missão do IESLA: formar líderes capazes de transformar realidades com excelência acadêmica, responsabilidade ética e sensibilidade social. Que o Prêmio Nobel da Paz 2025 seja para nós não apenas um ponto de chegada simbólico, mas o ponto de partida para novas práticas institucionais — pautadas na liberdade, no diálogo e na construção coletiva de um futuro mais digno para todas e todos.
Profa Dra Sara MAG Bernardes
Reitora
Instituto de Educação Superior Latino-Americano (IESLA)