Uma pesquisa do site de empregos Catho mostra que a psicologia foi a carreira com maior alta salarial em 2013 — um aumento de 54,7% em relação ao ano anterior.
De acordo com Telma Souza, diretora do site, o crescimento da remuneração apontado pelo estudo beneficiou principalmente os profissionais que atuam no ambiente corporativo. “Isso engloba funções na indústria e na área de serviços”, diz Telma.
Segundo a executiva, os melhores rendimentos têm incentivado muitos psicólogos a migrar de especialidade dentro da profissão, trocando a área clínica, por exemplo, pelo trabalho em segmentos tão diversos como administração hospitalar, área educacional ou recrutamento e seleção.
Mas ela faz um alerta. “Cursos de pós-graduação e MBA são mandatórios para quem quer fazer essa transição. É preciso conhecer mais sobre business e marketing”, afirma.
Para os especialistas, a versatilidade da psicologia é um dos principais fatores por trás do aumento na demanda por esses profissionais no ambiente corporativo. Uma das mais recentes tendências é o recrutamento de psicólogos por empresas que trabalham com big data — processamento de um grande volume de informações online.
“Na prática, o psicólogo analisa qualquer tipo de informação digital em tempo real e compreende o que há por trás desses números”, afirma Adriano Henriques, vice-presidente de inteligência de mercado da Wunderman, uma das maiores agências digitais globais.
Para Adriano, o parecer de psicólogos sobre os dados analisados é fundamental para desenvolver soluções para os negócios. “Eles auxiliam na compreensão do comportamento do consumidor; são o fator humano do levantamento estatístico.” Estima-se que o déficit de mão de obra especializada em big data chegará a 60% em 2015.
Interpretação de dados
O psicólogo paulistano Arthur Nagae, de 24 anos, nem cogitou a possibilidade de atuar na área clínica. Desde que saiu da universidade, em 2012, tem trabalhado como analista de digital analytics no grupo Newcomm de comunicação, fundado pelo empresário Roberto Justus.
Arthur faz análise da conduta de consumo dos clientes de empresas bancárias, de telecom e de companhias aéreas, acompanhando campanhas publicitárias e seu desempenho na mídia. Por meio das informações analisadas por ele, são montadas ações de marketing para cada marca.
“Trabalho em conjunto com pessoas de mídia, marketing e implementação de sistemas operacionais. Vivo inserido no mundo digital”, diz Arthur, que acredita que o big data é uma das áreas mais promissoras para os profissionais de psicologia.
De acordo com um estudo recente da ABI Research, empresa americana de pesquisa e inteligência de mercado, organizações do mundo inteiro vão investir 31 bilhões de dólares neste ano em tecnologias de big data, um mercado que deve crescer 30% ao ano até 2018.
Um bom exemplo é o Google: todos os produtos do gigante de buscas têm base no levantamento de dados gerados graças às ferramentas de análise em larga escala. “Áreas que lidam com o comportamento humano, como a psicologia e a economia, cada vez mais terão ligação com o marketing, a publicidade e o big data”, afirma Adriano, da Wunderman.
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