A Vigilância Sanitária de Criciúma alerta a população sobre as novas regras para a venda de antibióticos. Segundo a Resolução RDC nº 44, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os antibióticos deverão ser vendidos sob prescrição médica, por meio da receita de controle especial.
“Receitas comuns serão aceitas até o dia 27 de novembro. Após essa data, o paciente deverá apresentar a receita especial, sendo que uma via da receita ficará com a farmácia”, explica Andréia Bertoncini Pereira, enfermeira e fiscal sanitarista da Vigilância Sanitária.
Andréia afirma que a Vigilância Sanitária irá realizar vistorias sanitárias para verificar o cumprimento da Resolução. “Os estabelecimentos que descumprirem as novas regras, de acordo com o disposto no artigo 13, da mencionada Resolução, estarão cometendo infração sanitária”, disse.
A Resolução da ANVISA tem o objetivo de obter um controle mais rígido sobre o uso de antibióticos e faz parte do plano de ação para impedir o aumento de casos de infecção pelas chamadas superbactérias, como a bactéria Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC).
Por isso a população precisa saber que, quando toma um antibiótico sem necessidade ou de maneira errada, se for preciso usar o mesmo medicamento por outro problema, o remédio pode não mais fazer efeito.
Resolução da ANVISA:
A ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária, publicou, no dia 27/10, a Resolução RDC nº 44, de 26/10/2010, que “dispõe sobre o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição médica, isolados ou em associação e dá outras providências.”
A Resolução traz novas regras para a prescrição e a dispensação (venda) de medicamentos a base de antimicrobianos (antibióticos), sendo as principais:
a) estes medicamentos somente poderão ser vendidos pelas farmácias e drogarias mediante a apresentação de receita médica que deverá ser de controle especial, de cor branca, em duas vias, devendo a primeira via ficar retida na farmácia e a segunda via ser entregue ao cliente, da mesma forma como se dá com a venda de medicamentos de uso controlado;
b) até o dia 27/11/2010 poderão as farmácias e drogarias dispensar antibióticos mediante a apresentação de receituários médicos comuns, todavia, em hipótese alguma, poderão vender estes medicamentos sem a apresentação dos respectivos receituários. Após esta data, somente deverão ser aceitos como receituários os do tipo de controle especial.
c) Os receituários de medicamentos antimicrobianos terão validade de 10 dias a contar da data de sua emissão.
d) As farmácias e drogarias deverão realizar as operações de escrituração destes medicamentos da mesma forma como o fazem para os medicamentos de uso controlado, ou seja, deverão ser documentadas todas as entradas (aquisições) e saídas (vendas) com notas fiscais e receituários médicos, sendo que, para tais atividades deverão fazê-lo pelo sistema SNGPC- Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados da ANVISA, devendo iniciar tais procedimentos após decorridos 180(cento e oitenta) dias da publicação da referida Resolução.
http://www.radiocriciuma.com.br/portal/vernoticia.php?id=16091
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Venda restrita de antibióticos preocupa pequenas farmácias
Retenção da receita médica, uma das alterações previstas pela Anvisa, deve afetar negócios das farmácias menores, que atendem público carente
As mudanças no mercado de medicamentos no país vão respingar principalmente no comércio das drogarias de pequeno porte, em regiões de menor poder aquisitivo. Como a população tem maior dificuldade de acesso às consultas com médicos em regiões mais pobres, as vendas de antibióticos com receita médica tendem a registrar queda maior no pequeno varejo, que deve passar a ofertar menor mix de antibióticos. A norma foi estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a retenção da receita passa a valer a partir do dia 28.
“Temo pelos reflexos da medida para o consumidor, que tem dificuldades de acesso ao médico e aos planos de saúde”, ressalta Sérgio Mena Barreto, presidente da Associação Brasileira de Rede de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Ele afirma que a possível queda no consumo de antibióticos deve prejudicar principalmente os pequenos varejistas independentes, que trabalham com menos mercadoria. “O consumidor pode ficar prejudicado pelo mix de medicamentos. Se antes as farmácias tinham sete ou oito antibióticos disponíveis para a venda, pode ser que passem a ter apenas o remédio de referência e mais dois de apoio. As grandes redes têm mais gestão e mais estoque, podem conseguir controlar melhor”, reforça.
Minas Gerais conta hoje com cerca de 8 mil farmácias e drogarias, sendo que mais de 90% é de pequeno porte, segundo o Sindicato do Comércio Farmacêutico de Minas Gerais (Sincofarma). Na drogaria e perfumaria Trindade, no Bairro Copacabana, na Região de Venda Nova, cerca de 80% dos clientes compram antibióticos sem receita médica, estima o gerente Flávio Ferreira de Mello.
Carências
“A população mais carente não tem acesso ao médico. Vai ao posto de saúde e não consegue atendimento. Não vai adiantar eu trabalhar com o produto se o cliente não vier com a receita”, afirma Mello. Ele ressalta que a venda de antibiótico deve cair com a nova medida da Anvisa, mas avalia um lado positivo da determinação. “Vai evitar a automedicação.”
Fernando Barbosa, gerente da drogaria Gran Farma Marcelino, no Bairro Glória, acredita que a venda de antibiótico vai ser afetada em todo o varejo. “Outro dia mesmo atendi uma cliente que estava com a garganta toda infeccionada. Ela disse que ficou esperando horas no posto de saúde, mas não conseguiu consulta. Nas regiões mais carentes, os postos demoram mais de quatro horas no atendimento”, diz Barbosa.
“Ainda é cedo para falar em queda de vendas. Mas se os antifúngicos e os antimicróbicos entrarem na lista da Anvisa, aí poderemos ser mais afetados. Alguns são pomadas receitadas pelos farmacêuticos”, observa Wellington Tiago Moreira, gerente da MedFarma Drogaria e Perfumaria, no Nova Granada.
A diretora do Sindicado dos Farmacêuticos do Estado de Minas Gerais, Luciana Silami Carvalho, defende a medida da Anvisa sob o ponto de vista da saúde. “Se a população começa a consumir antibiótico indiscriminadamente, as bactérias criam resistência.” Ela reconhece, no entanto, que a medida deve trazer queda de vendas de medicamentos nas farmácias. “Com certeza deve diminuir”, diz.
http://gazetaweb.globo.com/v2/noticias/texto_completo.php?c=215895